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Estatísticas da Atenção

Das estatísticas que a ninguém interessam e resoluções do reino das reginices, decidi contabilizar o cotidiano buscando estar mais presente na vida. Agora computo árvores, pássaros, tiras das passadeiras.

Fui à prainha na esquina e contei vinte e quatro palmeiras enfileiradas do outro lado da ria. No farol na ponta do mar há treze faixas vermelhas, desbotadas. Na minha bicicleta, dois pneus. De um tipo de saudade, tenho doze meses; de outro, catorze anos.

Na arrastada corridinha do dia, quarenta e dois minutos, seguidos de uma fatia de bolo. Como se tivesse descoberto a matemática, dei para reparar em ângulos, paralelas e perpendiculares. Dei para contar letras, linhas e páginas.

No bonsai acidentado, uma folhinha verde restou (minha esperança). Tudo eu conto. Calor? Aposto vinte e sete graus.

Mas o vento amanheceu cantando de levinho, meio brisa-bossa-nova, e ele assoviou o dia inteiro, sem levar o verão embora. Descobri que vento eu não sei contar e, desaforada, contei esta história.


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