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Sobre ser filha e não ser mãe, mas ter um coração habitado

Atualizado: 7 de jun. de 2019

Desde pequenininha eu sonhava em ser mãe. Lembro-me claramente de brincar deitada no sofá, com a boneca ao lado, fantasiando que eu estava na maternidade.

A vida veio, mas os filhos não, embora quando eu tenha conhecido meu segundo marido, ele tenha me feito a curadora pergunta se eu gostaria de tentar, já que ainda era tempo. Então, àquela altura da vida eu ponderei, examinei direitinho se era hora e escolhi deixar qualquer tentativa de lado. Por quê? Porque toda a vivência e estudo à luz das leis biográficas me mostraram que há muitos modos de colocar o amor de mãe no mundo e eu o coloquei por dois caminhos: pelas histórias que acolho, ouço e escrevo; e pelas amizades. Sim, por conta de uma amiga-irmã que se tornou uma estrela no céu, pude presenciar os bastidores da maternidade e ser a maior admiradora de qualquer mãe no mundo. Por conta de outra amiga-sobrinha-ragazza recebi a seguinte mensagem que ressignificou a data para mim. Ela dizia "Feliz Dia das Mães, tia Rê. Não importa que você não tenha filhos, importa que você tem um coração de mãe!". Senti naquele dia que meu amor não estava interrompido e nem trancado em meu ventre.

Depois, chegaram, além de tantos sobrinhos, filhos de amigos que fazem naninha no meu colo, duas enteadas moças que também habitam e deixam meu coração aquecido e em festa.

Hoje, com 50 anos, me sinto plena, mesmo não tendo meu sonho de menina realizado. Compreendi que ele simplesmente se transformou, essa é a minha história. Também preciso dizer que tenho mais de uma mãe. Minha biografia traz encontros com algumas mulheres que me maternam, sempre acolhendo ou encorajando.

Sou filha de muitas mães e sou não-mãe de muitos filhos. Viva as mães, viva o amor, viva as mulheres que se deixam habitar!


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